Despedida é um negócio estranho, a gente nunca sabe quando vai ser a última vez que veremos uma pessoa. Às vezes percebemos muito tarde que deveríamos pensar mais, falar mais, amar mais. Aproveitando cada momento com a importância que lhe é necessária.
Momentos são importantes, valoriza-los é mais importante ainda. No último mês tive uma grande perda, e se eu tivesse dado a devida importância para os momentos, mas na hora certa, acho que não haveria tanto arrependimento em mim.
A última vez que o vi foi como um dia normal. Saímos, comemos, rimos, pegamos chuva, bebemos e voltamos pra casa fazendo companhia um pro outro. Eu não o abracei como deveria. Nem o disse o quanto o amava, o quanto o amo. Não agradeci pelos momentos de felicidade nem por tudo de bom o que ele me proporcionou. Não disse obrigado pelas noites que ele passou em claro pra tentar me acalmar no telefone. Não agradeci pelos risos que demos.
Não tive chance. A vida o tirou de mim como um tiro. Uma hora ele estava e era. De repente passou apenas à ser lembrança. Todos os momentos, todos os risos, abraços, acalantos e carinhos, tudo virara apenas uma imagem na minha cabeça. Apenas saudade
Achei que não fosse capaz de escrever sobre isso tão cedo, mas cá estou eu mais uma vez ansiando pra botar as lágrimas em palavras.
Ele sempre dizia que se um dia eu não o tivesse mais, iria arranjar alguém pra substitui-lo, mas não é bem assim. O que ele me deu, as coisas que ele me proporcionou, são coisas só nossas. Cada confissão e conselho, tá tudo guardado na memória e nada nem ninguém será capaz de ocupar seu lugar. Pessoas não são substituíveis, é cruel pensar dessa forma. É egoísta.
Hoje sinto sua falta mais do que nunca, queria poder conversar com ele mais uma vez, mas infelizmente ficarei na vontade.
Estou sentido e sentirei sua falta pra sempre. Te amo, pena que seja tarde demais pra dizer.
didibiogo
Tribunal de causas realmente pequenas
sexta-feira, 10 de março de 2017
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017
04:50
Sempre pensei em como iria começar a escrever isso. Garanto que todas as vezes em que imaginei, foram de formas diferentes e melhores que esta.
Quando eu tinha 6 anos tive um sonho. Eu deitado dentro de uma grande caixa, toda forrada de linho branco e acabamento dourado. O alívio, a paz de espírito, e a sensação de dever cumprido amanheceram dentro do meu peito naquele dia. Lembro que tinha visto uma cena parecida na televisão alguns dias atrás, e lembro o quanto eu fiquei mexido com aquilo.
Nunca tive muito do que reclamar da vida. Tive os melhores brinquedos. Frequentei os melhores colégios que meus pais podiam pagar (o que não era pouca coisa). Fui muito mimado, falando ao pé da letra. Minha vida sempre foi cheia de gente. Muitos indo, muitos vindo. Troca de colégio, troca de bairro, troca de cidade, e de estado.
Lá pelos 12 anos comecei a desejar coisas. O primeiro beijo; a primeira transa; uma carreira futura decorrente de um belo emprego; uma bela casa; filhos; um alguém. Desejei muito tudo isso, daí certo dia tive o mesmo sonho de seis anos antes, e tudo começou a perder o sentido.
Pra quê eu iria correr atrás de tudo aquilo? Pra que construir um futuro e trabalhar uma vida inteira, se provavelmente irei acabar solitário numa casa para idosos, visto minha falta de capacidade de criar afeto e laços mais fortes. Eu provavelmente nunca irei casar, nunca irei ter filhos. Poderia ter uma bela casa, mas pra que? Foi nesse dia que meu sonho começou a fazer sentido de uma forma tão arrebatadora que de certa forma chegava à assustar. No sonho, eu estava morto, deitado em um caixão. Um semblante sereno estampado no rosto. Bochechas murchas. Mãos sob o peito.
Confesso que muitas vezes já tentei adiantar esse sonho e nunca tive sucesso. Nem sei se um dia terei. Ando cansado. Cansado de tentar, de levantar todos os dias numa rotina estressante e sem motivação alguma. Ando cansado de sonhar com um futuro que nunca vai chegar. Cansado de querer. Cansado.
A verdade é que os dias dentro de mim andam turbulentos. Na verdade, nunca foram tranquilos. Tenho tido que lutar contra mim para levantar todo dia da cama pra tentar fazer minha vida fazer algum sentido.
Sinto um frio no peito que nunca foi sanado. Sonho com o dia em que o frio sairá do meu peito e tomará conta de todo o resto. Corpo, alma, coração. O dia do alívio. Hoje ou amanhã, não sei. Pode ser que esteja ocorrendo nesse exato minuto, resta saber quando vem a tempestade mais forte que vai me aniquilar. Carregando...
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
Ritual
Era noite. Mais uma noite. Mais uma tristeza. Mais um choro. Mais um.
Ele já era acostumado à isso. Já fizera várias outras vezes. Foi pra beirada, olhou alguns minutos para a imensidão abaixo e longe. Depois passou mais um par de minutos olhando o horizonte.
Sentou-se. Tirou os sapatos, como de costume, e as moedas dos bolsos. Tirou também o último cigarro que tinha. Fumou.
Procurou pela saída, mas essa nunca deu as caras, e dessa vez não fora diferente. Respirou fundo. Lembrou-se das tentativas passadas, e dos fracassos. Visualizou no celular, as imagens dos rostos felizes que ele tanto amava. O mesmo aperto no peito das outras vezes. O mesmo choro. Largou o celular sob as moedas que estavam junto aos sapatos no chão.
Levantou-se. Só queria se atirar dali, acabar com tudo aquilo. Acabar com o fracasso, porém fracassara mais uma vez. Desistira de desistir, não era forte o bastante pra isso. Ainda
Ele já era acostumado à isso. Já fizera várias outras vezes. Foi pra beirada, olhou alguns minutos para a imensidão abaixo e longe. Depois passou mais um par de minutos olhando o horizonte.
Sentou-se. Tirou os sapatos, como de costume, e as moedas dos bolsos. Tirou também o último cigarro que tinha. Fumou.
Procurou pela saída, mas essa nunca deu as caras, e dessa vez não fora diferente. Respirou fundo. Lembrou-se das tentativas passadas, e dos fracassos. Visualizou no celular, as imagens dos rostos felizes que ele tanto amava. O mesmo aperto no peito das outras vezes. O mesmo choro. Largou o celular sob as moedas que estavam junto aos sapatos no chão.
Levantou-se. Só queria se atirar dali, acabar com tudo aquilo. Acabar com o fracasso, porém fracassara mais uma vez. Desistira de desistir, não era forte o bastante pra isso. Ainda
Oculto
Esse texto é mais pra um desabafo pessoal do que um dos meus textos de costume. Fiquem avisados.
Era esse momento que eu sempre temi. A minha indiferença com a vida e com tudo.
Sempre fui esforçado em minhas coisas. Um bom aluno, bom filho, bom amigo, e muito modesto. Porém nos últimos anos algumas coisas foram tomando outros rumos. Já não moro mais na antiga casa, já não tenho os mesmos amigos, porém não desmereço os atuais, eles são incríveis; mas de um tempo pra cá as ambições de outrora já não parecem lá muito atraentes. Sempre fui ciente da constante mudança do bicho homem, mas mudei drasticamente. Me sinto culpado por não querer algumas coisas que já quis muito, e por querer coisas que eram fora cogitação à algum tempo atrás.
Ando em processo de redescobrimento, mas temo que seja assim pra sempre. Até quando? Não gosto de rotina, porém também não gosto de mudanças drásticas, gosto de equilíbrio porém ele já não é mais o mesmo. Meus textos já não são mais os mesmos. Minha cabeça também não.
No final das contas isso tudo deve ser apenas viver. Coisa que o menino-morto talvez esteja começando a descobrir como se faz.
Era esse momento que eu sempre temi. A minha indiferença com a vida e com tudo.
Sempre fui esforçado em minhas coisas. Um bom aluno, bom filho, bom amigo, e muito modesto. Porém nos últimos anos algumas coisas foram tomando outros rumos. Já não moro mais na antiga casa, já não tenho os mesmos amigos, porém não desmereço os atuais, eles são incríveis; mas de um tempo pra cá as ambições de outrora já não parecem lá muito atraentes. Sempre fui ciente da constante mudança do bicho homem, mas mudei drasticamente. Me sinto culpado por não querer algumas coisas que já quis muito, e por querer coisas que eram fora cogitação à algum tempo atrás.
Ando em processo de redescobrimento, mas temo que seja assim pra sempre. Até quando? Não gosto de rotina, porém também não gosto de mudanças drásticas, gosto de equilíbrio porém ele já não é mais o mesmo. Meus textos já não são mais os mesmos. Minha cabeça também não.
No final das contas isso tudo deve ser apenas viver. Coisa que o menino-morto talvez esteja começando a descobrir como se faz.
segunda-feira, 10 de outubro de 2016
Explicando a depressão (texto Sabrina Benaim *adaptado)
“Mãe, minha depressão é uma metamorfose; um dia ela é tão pequena quanto um vagalume ma palma da pata de um urso, no outro dia ela é o próprio urso. Nestes dias eu finjo estar morto até que o urso me deixa em paz. Eu chamo os dias ruins de “dias sombrios”.
Minha mãe diz: “Tente acender algumas velas”, mas quando eu vejo uma vela, eu vejo o brilho e o tremular da chama, faíscas de uma memória mais jovem que o meio-dia, eu estou em pé ao lado de seu caixão aberto. Este é o momento em que eu aprendo que todos que eu virei a conhecer na vida irão um dia morrer. Além disto, mãe, eu não tenho medo do escuro. Talvez isto seja parte do problema.
Minha mãe diz: “Eu achava que o problema era que você não consegue sair da cama”. E eu não consigo; a ansiedade me aprisiona como um refém dentro de minha própria casa, dentro de minha própria mente. Minha mãe diz “de onde vem a ansiedade?”. A ansiedade é o primo vindo de outra cidade me visitar. Primo cujo a depressão sente-se obrigada a convidar para a festa. Mãe, eu sou a festa. Somente eu sou uma festa cuja eu mesmo não quero estar.
Minha mãe diz: “Por que você não tenta ir para festas de verdade, ver seus amigos?” Claro, eu faço planos, eu faço planos, mas eu não quero ir. Eu faço planos porque eu sei que eu deveria querer ir. Eu sei que algumas vezes eu teria que querer ir. É que não é tão agradável se divertir quando você não quer se divertir, mãe. Veja você, mãe, toda noite a insônia me varre em seus braços, mergulha-me na cozinha, no pequeno brilho da luz do fogão. A insônia tem este jeito romântico de fazer com que a lua sinta-se como a perfeita companhia. Minha mãe diz: “Tente contar carneirinhos”, mas minha mente só consegue contar razões para continuar acordado. Então eu saio para caminhar, mas meus joelhos gaguejantes tinem como colheres de prata seguradas por braços fortes e pulsos fraquejantes. Eles soam em meus ouvidos como sinos desajeitados de uma catedral lembrando-me que eu estou a errar sonâmbulo em um mar de felicidades cujo eu não posso me banhar em batismo. Minha mãe diz: “Felicidade é uma decisão”, mas minha felicidade é como um buraco, como um ovo espetado. Minha felicidade é como uma febre alta que irá passar.
Minha mãe diz: “Eu sou muito boa em fazer coisas do nada” e então rapidamente me pergunta se eu tenho medo de um dia morrer. Não! Eu tenho medo de viver! Mãe, eu sou sozinho. E acho que eu aprendi isto; como transformar angústia em solidão, a solidão em ocupação, então, quando eu te digo que eu tenho estado super ocupado ultimamente, eu quero dizer que eu tenho caído adormecido de tanto assistir o canal de esportes no sofá para evitar o confronto com o lado vazio da minha cama, mas minha depressão sempre me arrasta de volta pra minha cama até que meus ossos se tornem fósseis do esqueleto de uma cidade submersa e minha boca um quintal ósseo de dentes quebrados por morderem-se uns contra os outros.
O oco auditório do meu peito desfalece com os ecos de um batimento cardíaco. Mas eu sou apenas um turista descuidado aqui. Eu nunca realmente vou saber por onde eu tenho estado. Minha mãe continua não entendendo. Mãe, você não entende que eu também não consigo entender?“
quinta-feira, 6 de outubro de 2016
Intervalo
Cá estamos nós mais uma vez. Sofrendo por ter distância, por ter saudade, e por vezes ausência.
Distanciamento é algo complicado.
Quando duas pessoas estão juntas, convivendo pessoalmente ou não, e se amam, é complicado pensar em distância. Mas a vida não é fácil, e ninguém disse que seria. A vida não tem pena, e não para por ninguém.
Problemas surgem. Problemas familiares, na faculdade, no trabalho, problemas consigo mesmo. Parar e pensar na vida as vezes é necessário, é saudável.
Incompreensão e falta de empatia geralmente levam interações e relacionamentos pra níveis complexos de lidar. O segredo de tudo isso é saber que não é só você que fica mal. E não é só você que as vezes precisa tirar um tempo pra si. Pode ser um dia, ou um ano, não faz diferença. As vezes se afastar faz bem.
Cobrar e julgar terceiros por você achar que está abandonado chega , de certa forma, a ser egoísmo. Você precisa de um tempo as vezes, seu melhor amigo precisa de um tempo as vezes, seu namorado, seu cachorro, sua mãe. Amar é saber lidar de forma madura com tudo isso. É se colocar no lugar do outro. É perceber que o tempo é injusto. É nunca deixar de acreditar no que um dia foi constante mas que agora, por algum motivo, veio a se tornar diferente. É lembrar dos momentos e conversar boas, e guardar tudo isso para quando a pessoa voltar, termos à que celebrar e rir. É não deixar cair na indiferença. Distância vezes é necessário, mas sentir indiferença à pessoa por ter simplesmente se afastado é idiotice. A vida anda, o segredo está em saber receber de braços abertos quem retorna, nunca se sabe o que o outro passou. Torne-se único à alguém, não tem distância e tempo que altere isso.
Distanciamento é algo complicado.
Quando duas pessoas estão juntas, convivendo pessoalmente ou não, e se amam, é complicado pensar em distância. Mas a vida não é fácil, e ninguém disse que seria. A vida não tem pena, e não para por ninguém.
Problemas surgem. Problemas familiares, na faculdade, no trabalho, problemas consigo mesmo. Parar e pensar na vida as vezes é necessário, é saudável.
Incompreensão e falta de empatia geralmente levam interações e relacionamentos pra níveis complexos de lidar. O segredo de tudo isso é saber que não é só você que fica mal. E não é só você que as vezes precisa tirar um tempo pra si. Pode ser um dia, ou um ano, não faz diferença. As vezes se afastar faz bem.
Cobrar e julgar terceiros por você achar que está abandonado chega , de certa forma, a ser egoísmo. Você precisa de um tempo as vezes, seu melhor amigo precisa de um tempo as vezes, seu namorado, seu cachorro, sua mãe. Amar é saber lidar de forma madura com tudo isso. É se colocar no lugar do outro. É perceber que o tempo é injusto. É nunca deixar de acreditar no que um dia foi constante mas que agora, por algum motivo, veio a se tornar diferente. É lembrar dos momentos e conversar boas, e guardar tudo isso para quando a pessoa voltar, termos à que celebrar e rir. É não deixar cair na indiferença. Distância vezes é necessário, mas sentir indiferença à pessoa por ter simplesmente se afastado é idiotice. A vida anda, o segredo está em saber receber de braços abertos quem retorna, nunca se sabe o que o outro passou. Torne-se único à alguém, não tem distância e tempo que altere isso.
quinta-feira, 14 de abril de 2016
O menino morto
Menino morto, do olhar vazio, madrugadas em claro, das
lágrimas no travesseiro.
Menino morto, da alma
gélida, coração sangrante, do sangue na pele.
Menino morto, dos cigarros de fuga, bebedeiras de
esquecimento, das ressacas de lembrança.
Menino morto, da sexualidade afirmada, das brigas vigorosas
com a família, dos festivais de drogas constantes.
Menino morto, que voara alto, caíra num piscar de olhos,
estatelou-se.
Menino morto que um dia sonhara em ter um pouco, conquistara
um tanto, desistira de tudo.
Morrera desde então.
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