quinta-feira, 2 de junho de 2011

Rocha


Passava da meia noite. Ele estava mais uma vez trancado em seu quarto que cheirava a tabaco e lençóis úmidos. Resolveu então sair para tentar colocar ideias no lugar.
Apanhou seu maço de cigarros e uma garrafa de vodka quente que estava a tempos na estante da sala. Vestiu seu jeans frio e meio úmido. Saiu na noite chuvosa, sem rumo.
Pensou em ir para a casa de amigos. Mas que amigos? Sentiu-se só.
Seguiu caminhando e chegou em uma praia que estava deserta, visto a hora.
Sua atenção manteve foco nas grandes pedras que apareciam distantes contra o nascer tímido do sol.
Deitou-se na areia morna e percebeu que ele estava morno também.
Fumou e bebeu. Já estava cansado de tentar alcançar metas, objetivos já tidos como sem sentido. Cansado de batalhar e saber que o fim é o fim.
Continuou lá, imóvel, em sua agonia pessoal e então teve uma ideia. Pensou que se colocasse um fim em sua vida, aquela agonia talvez passasse. Porém isto também era uma incerteza. Ele não saberia dizer, nunca havia morrido.
No fim das contas, resolveu deixar-se vivo, afinal era covarde demais para suicídio, ou forte demais. Ele não sabia dizer ao certo
Tragou o cigarro com vigor. Seus problemas na respiração manifestaram-se mas isso pouco o preocupava. Tragou mais uma vez e sentiu um aperto no peito. Sua visão escureceu e então ele finalmente sentiu paz. Já não estava mais morno como a areia da praia, e sim frio como as rochas do horizonte.

“E um dia se atreveu a olhar pro alto, tinha um céu mais não era azul. No cansaço de tentar quis desistir, se é coragem eu não sei...” (Pulsos – Pitty)

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